terça-feira, 1 de março de 2016

Introdução ao Mianmar - The Golden Land

Começamos o ano de 2016 muito felizes com essa viagem fantástica ao Mianmar! Foram sete cidades/vilarejos muito bem explorados com a ajuda de um guia particular que contratamos pela Internet e que fez toda a diferença para nos aproximar dos locais, conhecer lugares que não tínhamos encontrado nas pesquisas prévias e entender melhor a marcante história e a rica cultura do país.

Se você tiver interesse, posso passar o contato dele por e-mail. Além de ter nos ajudado demais, ele é super simpático e pontual. Recomendo muito!

Todo o roteiro foi feito de carro com esse guia que era também motorista. Chegamos por Yangon e fomos subindo para Bago, Naypydaw, Inle Lake, Bagan, Mont Popa e Mandalay, cidades/vilarejos sobre os quais escrevi posts separados, porque "haja assunto" depois de uma viagem enriquecedora como essa!!!  

E justamente por ter sido uma viagem tão especial, escolhi inaugurar o Blog com esse país fascinante! Resolvi que os primeiros posts seriam sobre o MIANMAR!! Então, seja MUITO BEM VINDO e clique nas cidades a seguir para conhecer o país mais a fundo: Yangon, Bago, Naypydaw, Inle Lake, Bagan, Mont Popa e Mandalay.

Absolutamente TODAS elas superaram as nossas expectativas! É DIFERENTE DE TUDO, parece que estamos em outra época, outro mundo, outra dimensão!!!! Se você gosta de FUGIR DO ÓBVIO e daquela sensação de não saber o que vai encontrar, vai realmente se SURPREENDER com o país.

MIANMAR ou antiga Birmânia, conhecida como "TERRA DO OURO" é o maior país do Sudeste Asiático, porém, infelizmente/injustamente é o menos conhecido devido aos muitos anos de isolamento político. 

Contudo, esse desconhecimento tem data de validade. O turismo e interesse por esse maravilhoso país vem crescendo rapidamente no Brasil e fora também. Por isso a hora de ir é agora se você quiser ver um Mianmar AUTÊNTICO!

Visitamos lugares lindos e inesquecíveis nos quais ainda não há interferência ocidental nem toque de globalização. É um destino extremamente SIMPLES, sem pompa, sem luxo nenhum, realmente parado no tempo. E, para completar, é perfeitamente seguro, nem furto acontece por ali!

Na minha opinião e do meu marido, sem dúvida foi a melhor parte da nossa volta pelo Sudeste da Ásia. Tudo ali é muito preservado, verdadeiro e as pessoas... Ah as pessoas! Como disse um amigo meu, dá vontade de trazê-las na mala!

Nunca vi tanta gente simpática e doce por metro quadrado, rs! Eles transmitem uma tranquilidade, uma bondade, uma ingenuidade no bom sentido da coisa... 

Voltamos apaixonados e certos de que retornaremos um dia à essa linda terra de milhares de pagodas douradas, tradições tão bem preservadas e gente tão receptiva!!! 

Infelizmente, tamanha preservação se deve à longa ditadura militar que isolou o país do mundo e às sanções econômicas impostas pelo Ocidente que aceleraram o declínio da nação antigamente conhecida como "a jóia da Ásia", transformando o Mianmar numa das economias mais pobres do mundo.

O declínio é culpa do governo militar corrupto, vaidoso, paranóico e megalomaníaco que por muitos anos controlou o país de forma autoritária. 

Todos esses adjetivos serão melhor entendidos ao longo dos posts, especialmente aqueles sobre Naypydaw (a luxuosa, misteriosa e fantasmagórica Capital) e Yangon, onde, por exemplo, o uso da moto está proibido até hoje porque os militares temem ser baleados por civis. 

Contudo, apesar do triste histórico, o povo não perde as esperanças. O nosso guia nos falou com otimismo sobre o futuro do filho, pois acredita que ele sim poderá vivenciar um Mianmar muito melhor.

Ele nos contou com pesar sobre a época da censura, do terror, das prisões e mortes dos oponentes ao governo e sobre o trabalho forçado a que alguns foram submetidos para sustentar esse sistema que deixou na miséria uma nação potencialmente próspera.

Nós torcemos para que esse passado se reverta logo e para que o Mianmar de fato vire um país próspero num futuro bem próximo. Eles merecem muito!

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Localização

O Mianmar é o maior dos países que compõem o Sudeste Asiático e faz fronteira com a Índia, China, Bangladesh, Laos e Tailândia.

 
http://www.asiacomentada.com.br

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Como chegar  

a) Por terra: parece que é meio complicado, pois ainda há regiões em conflito, portanto, não seguras. Além disso, o governo ainda proíbe a presença de turistas em alguns pontos e há fronteiras que permitem trânsito em apenas um sentido e, ainda assim, não permitem em todos os dias da semana. 

Pela fronteira da China e Índia, dizem que é impossível entrar. Pela fronteira da Tailândia é possível, mas trabalhoso, pois o turista pode se deparar com limitação de tempo de permanência (por algumas entradas só se ganha visto de um dia, "day trip") e não se pode prosseguir além de um limite (como acontece na cidade de Kengtung, de onde não se pode passar se não tiver uma permissão especial que leva meses para sair, super burocrático).

Além disso, na época chuvosa, devido às inundações, é capaz que você não consiga atravessar por alguns pontos (por Phu Nam Ron- Htee Kee, por exemplo).

Portanto, a melhor opção é entrar voando mesmo.

b) Avião: viajando a partir do Brasil ou mesmo de qualquer outro país, você obrigatoriamente terá que voar até a Tailândia, Singapura, Malásia, Índia ou China para conseguir entrar no Minamar. É mais comum vir dos três primeiros.

As cidades de Yangon, Mandalay, Bagan e Naypydaw recebem voos vindos desses países.

Segue a lista de Companhias Aéreas do Mianmar que possuem voos internacionais

Mianmar Airways (estatal): Yangon recebe voos vindo da Tailândia (Bangkok), Singapura, Malásia (Langkawi e Penang), Índia (Gaya) e China (Guangzhou).
Conhecida por ter uma frota de aviões bem velhos... eu não arriscaria rs. 

Air Bagan: Yangon recebe voos vindos de Chiang Mai, na Tailândia.
Conhecida por já ter tido vários acidentes aéreos (eu também não arriscaria).

Asian Wings: Yangon e Mandalay recebem voos vindos de Chiang Mai, na Tailândia.

Seguem também algumas Companhias Aéreas da Ásia que voam para o Mianmar

Air Asia: Yangon recebe voos vindos de Bangkok (Tailândia), Kuala Lampur e Penang (Malásia); e Mandalay recebe voos vindos de Bangkok (Tailândia) Kuala Lampur (Malásia).

Bangkok Airways: Yangon, Naypydaw e Mandalay recebem voos vindos de Bangkok (Tailândia).

Vietnan Airlines: Yangon recebe voos vindos de Hanoi e Ho Chi Minh (ambas do Vietnam).

Singapure Airlines: voa entre Singapura e Yangon. 

Malaysia Airlines: voa entre Kuala Lampur e Yangon.

Lao Airlines: parece que em breve terá voos entre Vientiane e Yangon.

- Outras companhias low cost para conferir: Tigerair, Jetstar, Silkair... 


Nós entramos no Mianmar por Yangon, voando pela Air Asia desde Bangkok. Recomendo, pois foi tudo ok.


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Informações Práticas
  • Visto 
O visto de turismo para Brasileiros é obrigatório, vale para apenas uma entrada no país e é possível obtê-lo de duas formas:

1. Internet
É só entrar no site http://evisa.moip.gov.mm, seguir as instruções, pagar a taxa de 50 dólares por meio de cartão de crédito, e, cerca de três dias depois você receberá uma carta de aprovação por e-mail que deverá ser apresentada na chegada ao Mianmar para a obtenção do visto propriamente dito.
Leve uma foto colorida de 4.8 cm x 3.8 cm.
Atenção: a carta vale por 90 dias, então não faça o processo com muita antecedência, faça perto de viajar.

2. Consulado
No Brasil, a Embaixada do Mianmar fica em Brasília e imagino que o processo seja muito mais burocrático do que fazer pela Internet.
Site da Embaixada: http://www.myanmarbsb.org/

Quando desembarcamos em Yangon, vi que tinha uma placa dizendo "visa on arrival" num balcão. Pode ser que eles estejam se preparando para ter mais essa opção, porque não tinha ninguém na fila, não parecia estar funcionando. Se você estiver indo para o Mianmar, não custa conferir se já existe essa modalidade que é muito mais prática. Se já existir, não esqueça de levar foto 3x4. E de me contar aqui no Blog!

Sei também que muita gente tira o visto em Bangkok. Se você vai passar pela Tailândia antes e tem dias suficientes para cumprir o procedimento, é também mais uma opção.

Por fim, é bom alertar que essas duas modalidades de visto (Internet e Consulado) valem para quem chega pelos aeroportos. Já para quem chega ao Minamar por terra, parece que existe outro procedimento, a ser requerido no Consulado.

Nós optamos por obter o visto pela Internet e chegar tranquilos de avião. Foi simples e deu tudo muito certo.

  • Moeda
A moeda é o Kyat, extremamente desvalorizada, portanto, se você tiver que usar a moeda birmanesa, andará sempre com um bolo enoooooorme de notas que não cabem na carteira! 

O Daniel, todo metódico do jeito que é com essa coisa de guardar o dinheiro todo esticadinho na carteira, ficava doido kkkkk!!!

Má notícia para os colecionadores de moedas do mundo: as moedas foram tiradas de circulação. É bom já chegar sabendo para não se decepcionar!

O dólar é bem aceito no país mas hoje em dia não precisa mais levar aos montes, pois já é possível sacar dinheiro nos muitos caixas eletrônicos espalhados pelas cidades, principalmente nas mais turísticas.

Atenção: se levar dólar, certifique-se de que as notas são novas e estão em ótimo estado de conservação. Qualquer rabisco, rachadura ou rasgo eles simplesmente não aceitam. E eles analisam minuciosamente MESMO!

  • Vacina
Li que era obrigatório ter o Certificado Internacional da vacina contra a febre amarela, mas em nenhum momento nos pediram no Mianmar.

Na dúvida é melhor garantir e sempre levar, lembrando que a vacina deve ser tomada no mínimo seis dias antes da viagem, sob pena de não ser aceito.

  • Telefone e Internet
No aeroporto, após pegar as malas, paramos no guichê da Telenor, a companhia norueguesa que domina o ramo da telefonia no Mianmar, e compramos um SIM CARD para termos Internet durante a viagem. Até que funcionou razoavelmente bem.

Custou 12.000 kyat, o que correspondeu a cerca de R$ 40,00 para 1GB que duraria duas semanas. Se acabar antes, você pode comprar facilmente mais créditos. Vende em qualquer lojinha, é só perguntar no seu hotel.


  • Vestimenta
Para entrar nos Templos e Pagodas, obrigatoriamente tem que estar com ombros e joelhos cobertos.

Além disso, tem que entrar sem sapato e eles não permitem o uso de meias ou qualquer outra proteção para os pés como na Tailândia. Prepare-se para se sujar como nunca. 

Recomendo andar apenas de chinelos tipo Hawaianas, porque no fim do dia, quando seu pé estiver inevitavelmente encardido (e bota encardido nisso), é possível esfregar com bastante sabonete.

Atenção mulherada: se você levou aquela rasteirinha linda que ama, é melhor deixá-la na mala. Do contrário, ela vai mudar de cor. Aconselho a andar sempre com lencinhos umedecidos e álcool gel na bolsa para tentar amenizar a situação.

Eu admito que sou muito chata com limpeza, mas jamais deixaria de viver novas experiências por causa das minhas manias. Viajar tem muito disso, né? De vez em quando você tem que sai da sua zona de conforto, enfrentar medos, superar pré-conceitos (no sentido de noção concebida anteriormente), deixar de lado "frescuras" e por aí vai. E garanto que sempre vale a pena! 

Enfim, depois de chegar todos os dias com o pé desse jeito no hotel, passei a entender a razão pela qual os locais só usam chinelo no Mianmar.

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Clima: Quando ir/Quando fomos

O Mianmar é um país considerado grande (um pouco maior que a França), com paisagens diversas que vão desde praias, ilhas tropicais, cerrados e florestas.

Predominantemente possui clima tropical, mas costuma ser dividido basicamente entre quente e frio, seco e chuvoso. As estações do ano não são bem definidas e o território é bem grande, então há variedade de região para região.

O Norte (ex, Bagan e Inle Lake) costuma ser mais seco e ter temperaturas mais amenas do que o Sul.

Em geral, os melhores meses para turismo vão de setembro a fevereiro, quando as temperaturas estão mais baixas e não chove muito.

Em março e abril as temperaturas já sobem bastante e a partir de maio até agosto chove muito, o que pode atrapalhar os planos dos turistas, já que alguns lugares ficam inacessíveis.

Lembro do nosso guia dizendo que na estação chuvosa não poderíamos passar de carro por vários lugares pelos quais passamos, pois fica tudo alagado.

Nós chegamos no Mianmar no dia 07 de janeiro de 2015 e saímos no dia 17 do mesmo mês e ano.

Pegamos muito calor em todo o trajeto, sempre cerca de 30º C, exceto em Inle Lake e em Bagan, onde fez calor de dia e esfriou bem à noite, chegando a uns 14º C. Não pegamos nenhum dia de chuva!

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Nosso Roteiro no Mapa

Nosso roteiro de 10 dias foi assim: 

- Yangon: 2 noites
- Bago: passagem no caminho entre Yangon e Naypydaw
- Naypydaw: 2 noites
- Inle Lake: 2 noites
- Bagan: 3 noites
- Mont Popa: bate e volta a partir de Bagan
- Mandalay: 1 noite

Farei um post em detalhes para cada cidade/vilarejo.




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Como se Locomover no Mianmar

a)  Avião

No Mianmar as distâncias às vezes nem são tão longas, mas como as estradas são ruins, as viagens por terra demoram bastante.

Assim, é mais comum que as pessoas optem pelos voos... contudo, eu confesso que fiquei um pouco assustada com os poucos - mas suficientes - relatos sobre queda de aviões, atrasos e cancelamentos frequentes, desorganização e amadorismo dos aeroportos, malas que não são etiquetadas e são jogadas numa “sala” no desembarque para cada passageiro procurar a sua etc, etc....

Além disso, algumas das Companhias Aéreas internas não possuem serviço pela Internet, você tem que comprar a passagem por telefone ou obter uma “reserva”.

No entanto, tenho uma amiga que só andou de avião internamente e não teve problema nenhum. Eu já não quis pagar para ver...

De qualquer maneira, seguem algumas Companhias Aéreas que voam internamente:

- Yangon Airways
- Mann Yadarnapon Airlines
- Air Mandalay
- Air KBZ
- Golden Mianmar Airlines
- Mianmar Airways
- Air Bagan
- Asian Wings

b)  Carro com Motorista

Por enquanto o turista não pode alugar carro no Mianmar e sair dirigindo. Nem existem locadoras de carros.

Na verdade, se o estrangeiro quiser dirigir, enfrentará uma burocracia danada, com necessidade de permissão de dois órgãos diferentes e mesmo assim terá que carregar um motorista local o tempo todo junto.

Ou seja, é mais fácil contratar o motorista de uma vez. E foi o que fizemos.

E foi ótimo.

Além de toda comodidade de não termos o trabalho de pensar em mapas, caminhos e etc., ele foi um ótimo guia que nos explicou sobre todos os lugares que visitamos, deu dicas valiosas e nos ajudou a compreender a cultura local.

Também foi bom porque ele conhece bem as estradas que não são muito boas. Em alguns trajetos pegamos estradas estreitas de duas mãos sem faixa divisória no meio. Eles ultrapassam uns aos outros o tempo todo e usam muito a buzina nas ultrapassagens.

Muitos motociclistas andam sem proteção alguma e é comum ver caminhonetes lotadas de gente pendurada para fora.

Eu achei meio perigoso e foram viagens nas quais não dormi, não desgrudei o olho da estrada, mas, com um local é sempre mais seguro e, portanto, não me arrependi da escolha.

O seu hotel ou agência de viagem pode indicar um motorista com carro e geralmente está incluso no preço a hospedagem, comida, gasolina e pedágios. Mas é bom combinar tudo isso previamente etambém sobre a gorjeta e milhagem (se limitada ou ilimitada).

c)       Ônibus

Mais utilizados que os trens. Existem diversas companhias privadas com várias rotas.

Tenho outra amiga que se locomoveu internamente por ônibus e ela indicou a Companhia JJ Express, onde há a categoria “Premium”, com ônibus mais confortáveis.

Nas rotas para as cidades mais turísticas é bom comprar com antecedência e vá sabendo que os atrasos são bem comuns, especialmente na estação chuvosa.

Atenção: algumas Companhias de ônibus fecham por uma semana ou mais na época do Thingyan Water Festival que ocorre, se não me engano, em abril.

d)      Trens

São lentos, antigos e atrasam muito. Geralmente possuem classe econômica e primeira classe. Existem trens noturnos também para quem quer economizar com hotel, mas creio que não devem ser muito confortáveis...

Acho que não é possível comprar on line, você terá que ir até a estação de trem ou pedir ajuda à alguma agência de viagem.

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História

Por milênios e milênios, houve uma sucessão de tribos provenientes da China e do Tibet que dividiam o país em cidades-estado. Alguns exemplos são as tribos Pyu, Mon e Bamar. 

Em 1044 a tribo Bamar se estabeleceu na cidade de Bagan, escravizou as demais e unificou o país, formando o primeiro importante Império que triunfou por cerca de dois séculos, decaindo após uma invasão mongol. Nesse Império foram construídas muitas das famosas Pagodas de Bagan.

Em seguida várias dinastias se revezaram no poder e lutaram contra invasões chinesas e tailandesas até que veio a invasão britânica e as subsequentes três guerras anglo birmanesas, que duraram de 1824 a 1885. 

Na segunda guerra anglo birmanesa a capital do país foi estabelecida em Mandalay e, após a terceira guerra, a capital foi transferida para Rangoon (atual Yangon).

Mianmar foi submetido ao Reino Unido e tornou-se uma província indiana, chamando-se Birmânia, importante produtora de taca e borracha e grande exportadora de arroz.

Após uma série de protestos e movimentos nacionalistas, em 1937 a Birmânia foi dissociada da Índia. No entanto, logo após, foi invadida pelo Japão na Segunda Guerra Mundial.

A princípio os Birmaneses viram na invasão japonesa a esperança de se livrar do Reino Unido, mas pouco tempo depois perceberam que a dominação japonesa poderia ser pior do que a Britânica.

Em 1943 as forças aliadas expulsaram o Japão e, em 1947, um líder chamado Aung San assinou um acordo para a independência da Birmânia, sendo assassinado logo depois.

Aung San, o herói da independência Birmanesa era o pai da líder do movimento democrático na Birmânia, a famosa ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi

Aung ganhou o Prêmio em 1991 mas foi impedida pelos militares de ir à Europa recebê-lo. Sua sacrificada trajetória pela luta da independência da Birmânia lhe rendeu fama mundial. A banda U2 fez a música "Walk On" para ela. Existe também um interessante documentário sobre essa corajosa líder, chamado "Uma Mulher Destemida", ou, em inglês, "Lady of No Fear".

Em 1948 a Birmânia conquistou a independência do Reino Unido e o líder socialista U Nu, nomeado Primeiro Ministro, foi deposto por um golpe militar em 1962.

Começa aí a terrível dominação militar do Mianmar que vai até 2011.

Uma série de medidas típicas de um governo autoritário foram tomadas: foi promulgada uma constituição estabelecendo um sistema unipartidário, setores econômicos foram nacionalizados, houve rápida desaceleração da industrialização, isolamento do resto do mundo, expulsão de Bancos estrangeiros, proibição do ensino do inglês nas escolas.

Consequentemente, a Birmânia se tornou um dos países mais corruptos e pobres do mundo e o poder passou a ser revezado por alguns generais, dentre os quais destaco o Saw Maung que em 1989 mudou o nome do país de Birmânia para Mianmar e da capital Rangoon para Yangon, a fim de eliminar qualquer vestígio britânico.

A oposição recrudescia exigindo a democratização do regime. Nesse meio tempo a influente líder Aung San Suu Kyi voltou da Europa mas foi mantida sob prisão domiciliar, situação a que foi submetida diversas vezes, sem poder sair do país e ver seu marido britânico e filhos que moravam fora.

Diante do turbulento cenário, os militares permitiram a criação de novos partidos e anunciaram eleições para 1990 para o surgimento de uma Assembleia Nacional Constituinte. O partido da líder Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia saiu vitorioso, mas ela e seus líderes foram impedidos de governar e foram colocados na ilegalidade.

Em 1992 o general Saw Maung foi substituído pelo militar Than Shwe, o que só fez a agitação popular aumentar e os choques armados continuarem. Opositores continuaram sendo perseguidos. Os EUA adotaram sanções econômicas devido ao menosprezo aos direitos humanos.

Apenas à título de curiosidade e para ilustrar a contradição em que vive e sempre viveu o país, existe um vídeo no youtube sobre o casamento da filha desse general Than Shwe, coberta de diamantes enormes, quando estima-se que ganhou mais de 50 milhões de dólares em presentes de casamento, onde, sem dúvida, os convidados eram obviamente todos militares. 

Sob pressão, a junta militar foi dissolvida em 2011 ano em que entregaram o poder a um governo civil, composto por antigos militares. Eles, então, iniciaram uma série de reformas políticas, econômicas e sociais.

O partido de Aung San Suu Kyi finalmente saiu da ilegalidade e ganhou a primeira eleição democrática agora em 2015 para liderar o Poder Legislativo, parecendo que uma nova era está por vir.

A vitória garante ao partido, que possui a maioria parlamentar, a indicação de dois presidentes para a eleição presidencial prevista para março de 2015, mas que terá a indicação de um presidente militar também.

A própria Aung San Suu Kyi não pode se candidatar porque a Constituição impede que cidadãos com familiares estrangeiros exerçam o cargo de chefe de Estado... curioso, não? Uma pena...

No entanto, apesar do aparente avanço, nosso guia nos explicou que muitos militares migraram para o partido de Aung, o que nos leva a crer que, na prática, eles continuam e continuarão no poder por um bom tempo, atrapalhando as necessárias mudanças. Entretanto, já é um começo...

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Alguns Costumes e Tradições

Se tem um lugar em que realmente parece que voltamos no tempo é no Mianmar.

Vimos diversos vilarejos bem rústicos, totalmente carentes de infra estrutura básica, muitos monges, pessoas muito simples e extremamente religiosas que ainda andam por aí vestindo seus longyi com o rosto coberto por thanaka enquanto mascam a noz de areca em folha de betel.

longyi, geralmente feito de algodão, é tipo um sarongue usado tanto por mulheres quanto homens. Comprei dois e foi ótimo naquele calor, pois vestia por cima do short na hora de entrar nas pagodas, já que não se pode mostrar os joelhos (e nem os ombros).

Além disso, os birmaneses adoravam ver que nós estrangeiros estávamos vestindo a roupa tradicional deles e muitas vezes vinham elogiar. Para eles era uma demonstração de respeito aos seus costumes.

O Daniel também usou algumas vezes. Dá para pegar emprestado na frente das pagodas e templos. Ainda era ‘emprestado’, mas já estou vendo que quando o turismo chegar de vez, tudo será cobrado...

Dificilmente vemos "jeans" por lá. Também não vi nenhum tipo de sapato de salto, na verdade a maioria das pessoas usa basicamente chinelos.

Longyi

thanaka é uma pasta amarelada feita da mistura de água com galhos de uma árvore chamada Limonia acidissima. Eles "raspam" os galhos num tipo de cerâmica e sai um pó bem fino, que, ao ser misturado com água forma uma pasta leitosa. Depois de passar na pele, seca rapidamente.

Praticamente todas as mulheres e crianças que vimos, usavam a thanaka. Homens nem tanto.

Segundo as birmanesas, esse cuidado milenar protege a pele do sol, deixa a pele macia, controla a oleosidade, evita rugas e manchas, é refrescante e é ótimo contra a acne e irritações na pele! E viva a sabedoria oriental!!

Hoje já pode ser encontrada de forma industrializada (até trouxe para uma amiga vegana). Descobri que lá as mulheres também acham bonito ter a pele bem branca, como em todo o Sudeste Asiático... vai entender!

Galhos da árvore e atrás a thanaka industrializada

Crianças usando a thanaka

Quanto à noz de areca em folha de betel que eles mascam, é uma semente que funciona como a nicotina. É viciante e mascar é um hábito que relaxa. O ruim é que tem potencial cancerígeno e deixa os dentes com uma cor avermelhada, parecendo que tem sangue na boca. Além disso, eles cospem na rua sem nenhuma cerimônia, deixando os rastros desse vício por toda parte.


Comprando a folhinha
  
O povo é muito pacífico, simpático, solícito e para eles a família é o bem mais precioso. Costumam morar todos juntos depois de casar. Geralmente a esposa muda para a casa da família do marido e, se, por qualquer razão um integrante tiver que mudar de cidade, todos vão junto.

São também muito curiosos em relação à nós, estrangeiros. Diversas vezes fomos parados para tirar fotos com eles e as mulheres nos olhavam como se fôssemos artistas de cinema, rs. Já os homens não, eles são muito respeitosos, exceto um monge ou outro que de vez em quando falava umas gracinhas... nada demais, mas fiquei espantada pois não esperava ouvir sequer uma palavra de um monge.... não tem jeito, em qualquer lugar do mundo sempre tem aqueles que fogem às regras.

Apesar da curiosidade, ninguém por lá conhece o Brasil e nem se interessa em saber um pouco mais quando respondemos que somos daqui. Nosso próprio guia é formado em geografia e nunca ouviu falar do Rio de Janeiro. Triste realidade, mas não podemos julgar tendo em vista a complicada história desse povo...

              
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Religião

O budismo representa quase 90% da população e os outros 10% estão divididos entre muçulmanos, cristãos e hindus, todos convivendo em perfeita harmonia, exceto em regiões pontuais do país, onde há perseguição religiosa.

A vida por lá gira em torno dos templos e pagodas. A religiosidade e a fé budista são muito fortes e presentes aonde quer que se vá. 

As pagodas e templos são na maioria frequentadas por locais, mesmo nos lugares mais turísticos, o que torna a experiência mais verdadeira.

Os monges são muito respeitados pelo povo e vivem de doações. Todos os dias pela manhã recebem comida e outros objetos. É um ritual muito parecido com o do "Ronda das Almas" do Laos.

Eles passam pelas ruas ou as pessoas vão aos numerosos monastérios para fazer as doações. Presenciamos o ritual de doações em um monastério em Bago, foi muito bonito de se ver.

Para se ter uma ideia do grau de religiosidade desse povo, o programa do fim de semana, segundo o nosso guia, é visitar pagodas e templos em família.




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Esporte

O esporte mais praticado no Mianmar é o Chinlone, muito parecido com o nosso "futevôlei", mas com uma grande diferença: não há competição.

São seis pessoas num círculo, cujo objetivo é não deixar a bola cair. 





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Algumas Curiosidades

Algumas curiosidades que provam que o Mianmar é realmente um lugar incomum:

1. Semana de 8 dias 

Lá a semana tem oito dias e não sete, pois a quarta-feira é dividida em dois dias. 

Estranho, mas fique tranquilo porque esses dois dias que compõem a quarta-feira são mais curtos, e somados, dão um. O primeiro vai até o meio dia e o segundo vai até a meia noite. Por isso não faz a menor diferença para os turistas. 

Segundo às fortes crenças astrológicas deles, cada dia da semana é representado por um animal e o animal da quarta-feira é um elefante, mas o da quarta antes do meio dia é um elefante com presas de marfim e o da quarta à tarde é o mesmo elefante sem as presas.

2. Fuso Horário de meia hora

Nunca tinha ouvido falar de fuso horário de meia hora de diferença em relação a outros países.

Bom, num lugar onde a semana tem oito dias, não deveria ser estranho o fuso ser assim quebrado. 

Mas para mim é...viemos da Tailândia e quando ouvimos o horário local no avião achamos que tínhamos entendido errado, mas não... era isso mesmo! 

3. Trânsito

A herança britânica trouxe o costume de dirigir na mão inglesa, contudo, nos anos 70 o governo militar resolveu que eles passariam a dirigir na mão francesa, o que deixou tudo muito confuso, pois, hoje eles dirigem sentados no banco direito do carro na "mão francesa", ou seja, como aqui no Brasil, mas sentados no banco direito do carro!

Para ultrapassar é um pouco complicado ja que você perde a visibilidade ao ultrapassar pela esquerda sentando do lado direito...

4. Pessoas sem sobrenomes

As pessoas não possuem sobrenomes. Só nomes, portanto, você não sabe quem pertence à mesma família.

É muito comum que o primeiro nome da pessoa seja o dia da semana em que ela nasceu, pois, como dito acima, eles se guiam pela astrologia.

É comum também você mudar seu nome de acordo com as circustâncias. A famosa líder ganhadora do Nobel da Paz chamava Htein Lin e mudou seu nome para Aung San Suu Kyi após se tornar uma revolucionária, pois esse último nome significa ‘vitória’.

5. Diferença entre Pagoda, Estupa e Templo

Estupa é um monumento onde se guardam restos mortais na religião Budista e, hoje, relíquias. Parece uma cúpula.

Pagoda é o conjunto formado entre a estupa, os Templos e eventualmente outras Pagodas menores que a cercam, como em Shwedagon Pagoda (Yangon).

Templos são locais de meditação e não de veneração ao Buda.



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